quinta-feira, 26 de maio de 2011

Rotary, Política e Religião

Por Satyro de Souza - Rotary Club Uberlândia Cidade Jardim


Sempre que se aproxima época de eleição, recebemos do Rotary Internacional, recomendações para que evitemos discutir dentro do clube, assuntos de política partidária. De fato esta preocupação tem sentido. Temos exemplo de clubes que sofreram grandes baixas no seu quadro social motivado por discussões acaloradas entre companheiros de posições ideológicas contrárias. Da mesma forma, discussões sobre religião, podem causar mal estar dentro do clube se são posições radicais. Tanto política como religião quando tratada sem o respeito devido à outra parte, tem efeito desagregador. Talvez, quem sabe, daqui alguns anos, quando os homens estiverem mais evoluídos, poderão discutir, não polemizando, mas trocando idéias.


Embora a recomendação do Rotary seja justa, não podemos de forma nenhuma nos afastar da política como se ela fosse um mal. Pelo contrário. Temos que participar da vida política da nossa comunidade. Afinal somos líderes em nossas atividades.


O grande Economista britânico, no final do século XIX, Arnold Toynbee, disse:
“O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é serem governados pelos que se interessam.”


É bom lembrar também Bertold Brech sobre o “Analfabeto Político.”


“ O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala nem participa dos assuntos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem de decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior dos bandidos que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”


Sobre política temos também algumas considerações da filósofa e pensadora alemã Hannah Arendt que escreveu o livro, “O que é Política ?” Para ela, o sentido de política é a liberdade. Segundo ela, a idéia de política nasceu na polis grega considerada o berço da democracia. O conceito de política que conhecemos surgiu em Atenas e está intimamente ligado a idéia de liberdade que para o grego era a própria razão de viver.


Para Arendt, “A política baseia-se no fato da pluralidade dos homens, portanto, ela deve organizar e regular o convívio dos diferentes e não dos iguais”.


Não é fácil discutir a questão da política nos dias de hoje. Estamos carregados de desconfianças em relação aos homens do poder. Porem o homem é um ser essencialmente político. Todas as nossas ações são políticas e motivadas por decisões ideológicas.


Não podemos confundir que política seja simplesmente o ato de votar. Estamos fazendo política da mesma forma que tomamos atitude em nosso trabalho, quando estamos conversando em uma mesa de bar ou quando tomamos uma cervejinha após uma reunião do nosso clube. Estamos fazendo política quando exigimos os nossos direito de consumidor ou quando nos indignamos com a desigualdade social.


A política está quotidianamente em nossas vidas: Na luta das mulheres contra uma sociedade machista que discrimina e age com violência; na luta dos portadores de necessidades especiais para pertencerem de fato à sociedade; nas lutas dos negros discriminados pelo racismo e muitas outras. Atitudes e omissões fazem parte de nossa ação política perante a vida. Somos responsáveis politicamente pela luta por justiça social e uma sociedade verdadeiramente democrática para todos.


O Rotary tem seu papel na Política por ser: “UMA ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL QUE REUNE PESSOAS DE BEM, LÍDERES EM SEUS SETORES, PARA QUE , JUNTOS, POSSAM MELHOR PROMOVER A SOLIDARIEDADE HUMANA, A DEFESA DOS DIREITOS DA CIDADANIA, A CONVIVÊNCIA HARMONIOSA E PACÍFICA, TRABALHANDO JUNTO NA CONSTRUÇÃO DO HOMEM E DO MUNDO, ESCOLHENDO A SOLIDARIEDADE COMO MEIO DE PROMOVER A PAZ”.

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